As últimas semanas para o nascimento trazem muitos temores para as mães; veja dicas para encarar este momento com mais sabedoria e tranquilidade, sem ansiedade e medo do parto
O dicionário traz, ao menos, duas definições para a ansiedade: (1) “sofrimento físico e psíquico; aflição, agonia, angústia, ânsia, nervosismo; e (2) “estado emocional frente a um futuro incerto e perigoso, no qual um indivíduo se sente importante e indefeso”. Depois de nove meses carregando um bebê no ventre, nada mais natural do que as mães – especialmente as de primeira viagem – carregarem este sentimento nos últimos momentos de gestação.
Até mesmo as mães que já viveram essa experiência, costumam encarar dificuldades para lidar com as semanas finais antes do nascimento. As razões são também fisiológicas: o corpo da mulher experimenta, sobretudo no último trimestre, um aumento dos níveis hormonais, como de estrogênio e de progesterona, como uma espécie de adaptação ao parto e ao que está por vir.
Esses ajustes alteram a forma como as futuras mães enxergam o mundo, tornando para muitas os últimos dias da gestação como os mais difíceis de serem encarados. Neste artigo, vamos mostrar como lidar com a ansiedade nos momentos finais da gravidez e como reduzir o medo do parto.
Vamos começar falando sobre as últimas semanas de gestação, que levam de forma natural ao medo do momento de colocar a criança ao mundo.
Em primeiro lugar, é absolutamente normal que a mãe e o pai tenham receio deste momento e do que ele significa. Trata-se de uma mudança na vida das mulheres e da família. Além disso, também representa uma alteração completa na vida do casal, com a chegada de um bebê esperado com muito carinho ao longo dos últimos nove meses. Apesar de ser normal esse temor, é possível reduzi-lo.
Escolha um profissional de confiança – O primeiro passo é encontrar um obstetra de confiança. Muitas mulheres sentem dificuldades em encontrar um profissional em quem confiem plenamente. Nesse sentido, a melhor dica está em aproveitar o início da gestação para estabelecer critérios e selecionar uma pessoa que entenda as suas preocupações e que vá respeitá-las até os momentos finais da gestação.
Portanto, é preferível levar mais tempo para definir o seu obstetra do que mudar de ideia no meio ou fim deste período, inclusive discutindo as preferências relacionadas ao parto – seja natural ou cesariana (temas que vamos abordar mais à frente neste artigo) – já no início da gestação.
Faça o acompanhamento pré-natal de forma adequada – A melhor maneira de se sentir segura é conhecer a situação da sua gestação. Não há meio melhor de fazer isso do que seguir o acompanhamento pré-natal de maneira adequada com o profissional de sua escolha.
Se os nove meses se passaram sem intercorrências, a possibilidade de um parto natural aumenta. Por outro lado, caso existam restrições por questões de saúde (hipertensão ou cardiopatias) ou relacionadas ao posicionamento do bebê, da placenta, entre outros, discutir com o profissional os critérios para uma possível cesárea dão mais tranquilidade – especialmente se a mãe prefere parto normal ou natural.
Conheça os partos – Tome as decisões de acordo com o seu interesse como gestante. O parto é um momento totalmente feminino, e a mãe precisa estar tranquila e confortável com a sua decisão, seja natural, normal ou cesárea. Procure seguir os seus próprios instintos e desejos, sem cair na pressão de familiares, médicos ou da própria sociedade.
Planeje-se – Qual mãe nunca imaginou o rompimento de sua bolsa sem nada planejado? Durante a gestação, além do seu corpo, sua casa vai sendo preparada para a chegada desta nova pessoinha, com a compra de berço, cômoda, ajuste do quarto, pinturas novas, entre tantos outros detalhes que foram pensados.
Da mesma maneira, deixe a bolsa que será levada para a maternidade já pronta, o que vai passar uma sensação de segurança, já que basta pegá-la e seguir ao hospital/maternidade para este tão aguardado momento.
Procure se informar – Gosta de ler? Aposte em livros que ajudem a compreender a gestação de forma integral e os primeiros dias com o seu filho. É uma pessoa visual? Há vários canais de Youtube e redes sociais que abordam o assunto com as mais variadas perspectivas.
Procure fontes relevantes e, em caso de dúvidas, não hesite em saná-las com o seu obstetra, que será sempre a pessoa mais indicada para tal, pois conhece o seu caso com profundidade.
Dê um respiro para a cabeça – Não é fácil tirar a mente da ansiedade do parto nos últimos dias de gestação, mas é um bom momento para encontrar uma série na televisão, uma grande leitura, um hobby ou apenas passar o tempo com o seu companheiro, tentando arejar a cabeça das preocupações.
Os últimos dias da gestação exigem também atenção especial a alguns detalhes que já foram seguidos ao longo de todo o período. Como o corpo está bastante alterado, é importante que as mulheres tenham cuidados adicionais em seu dia a dia, para amenizar a ansiedade e o medo do parto. Veja algumas dicas:
Ajustes no trabalho – Se você não adiantou a sua licença maternidade, procure fazer adaptações na rotina de trabalho, de modo a evitar estresse ou até mesmo permanecer muito tempo em pé, entre outros cuidados. Manter o diálogo e a sinceridade com os colegas de trabalho garante mais tranquilidade nestes momentos.
Exercícios físicos – Por maior que tenha sido a sua atividade física ao longo dos nove meses, seu centro de gravidade se alterou. Tome cuidado para evitar quedas e outras situações que possam antecipar o parto, assim como os exercícios mais vigorosos, que podem estimular as contrações.
Caminhadas leves, yoga e hidroginástica são atividades recomendadas, desde que em comum acordo com o profissional que a acompanha.
Cuidados com a alimentação – Na maior parte dos casos, não há restrições. Em geral, porém, recomenda-se evitar alimentos ricos em proteínas ou com grande teor de gorduras, que geram sensação de azia, gases e prisão de ventre, tornando os dias mais desagradáveis.
Uma das grandes decisões que precisam ser tomadas pelas mães é escolher um tipo de parto – o que também é determinante na seleção do obstetra. O Brasil é reconhecido como um dos países com o maior volume de cesáreas: uma pesquisa realizada pela revista médica Lancet incluiu o país como o segundo com o maior número destes procedimentos (55%), atrás apenas da República Dominicana. Outros números, da Unicef, corroboram esta pesquisa.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que um índice satisfatório de cesáreas por motivos médicos seria de 15%. O lado curioso é que, conforme estudo da Fiocruz, 70% das mulheres defendem um parto normal no início da gravidez. Por isso, recomenda-se que a gestante e sua família conversem com o obstetra para entenderem o seu perfil de atuação.
Um termo que se difundiu recentemente foi o do parto humanizado. Sua ideia é simples: o foco é respeitar a escolha das mulheres, independentemente de qual seja. Neste caso, a ideia é que a gestante defina o tipo de parto, quem vai acompanhá-lo, qual a posição, se haverá anestesia ou não.
Há inúmeras divisões entre os partos, mas, em geral, podem ser agrupados em três categorias: os normais, os naturais e as cesáreas.
1. Parto Normal – É quando a mulher entra de forma espontânea neste trabalho. Ele se inicia a partir das contrações, que vão se tornando mais frequentes e doloridas. Nesse modelo, há a possibilidade de aplicação das anestesias – peridural (na lombar) ou raquidiana (na medula).
2. Parto Natural – Neste modelo, o foco está em ter o mínimo possível de intervenção médica, deixando o corpo comandar este momento. No caso do parto normal, além das anestesias, em alguns casos, utilizam-se também instrumentos para facilitar a saída do bebê, o que não acontece no natural.
Neste grupo, entram também os partos na água (considerado um dos mais confortáveis); e de cócoras, que costuma ser mais rápido; entre outros sem o uso de instrumentos ou intervenção.
3. Cesárea – É recomendada nos casos nos quais o parto normal não é recomendado. O bebê é retirado da mãe por meio de um corte feito na barriga. Algumas mulheres costumam buscar a chamada cesárea humanizada, que visa similar o conceito do parto normal, com uma sala cirúrgica mais confortável e respeito ao corte do cordão umbilical – apenas quando para de pulsar.
Independentemente do tipo escolhido, é ideal que o procedimento seja acompanhado por uma equipe médica e que haja respeito à saúde da mulher e do bebê. Não há certo ou errado e náo precisa ter medo do parto, mas a adaptação do tipo mais adequado à condição de cada gestante.
A cesariana é o procedimento mais recomendado nos casos emergenciais – quando envolvem risco iminente à vida do bebê ou da mãe. Isso pode acontecer por questões relacionadas à saúde da gestante ou até mesmo pelo posicionamento do bebê dentro do útero (caso esteja sentado ou com o cordão umbilical enrolado no pescoço). Confira algumas situações que indicam este procedimento:
Placenta prévia total – Quando há um deslocamento da placenta, bloqueando a saída do bebê, podendo resultar em hemorragia grave.
Eclâmpsia – É um tipo de hipertensão desenvolvida durante a gestação, que pode causar hemorragia, colocando a vida da mãe e do bebê em risco. Outra possível consequência são lesões neurológicas devido à diminuição do fluxo sanguíneo para o cérebro da mãe.
Quadros de diabetes ou problemas cardíacos graves – Quando não controlados, podem causar uma pré-eclâmpsia durante a gestação.
Descolamento prematuro da placenta – O quadro aumenta o risco de sangramento excessivo no parto, necessitando muito repouso principalmente nos meses finais da gestação.
Mães soropositivas ou com infecções – No caso de enfermidades infecciosas, indica-se a cesárea para reduzir a possibilidade de contágio do bebê.
Por isso, ao longo deste artigo, reforçamos a necessidade de conversar com o seu obstetra a respeito de suas preferências. É importante que ele considere os seus desejos na hora de indicar um procedimento cirúrgico ou autorizar a realização de um parto normal ou natural.
Outra grande preocupação das mães é em relação à possibilidade de ter um bebê prematuro ou recém-nascido pós-termo. Compreenda estes períodos:
Bebê prematuro – Este termo é usado quando o bebê nasce antes das 37 semanas.
A termo – Quando o nascimento acontece entre a 38ª e a 42ª semana da gestação.
Pós-termo – É considerado quando o parto ocorre depois da 43ª semana de gravidez.
Este é um tema que gera muita ansiedade para as mães. A maior parte do período da gestação é controlado e tem datas específicas: as consultas com o médico, os exames, a montagem do quarto, do enxoval, da mala para a maternidade… Tudo isso está sob o controle da mãe e do pai. O nascimento, por outro lado, não entra nesta conta.
É preciso que a família – especialmente a mãe — entenda que o bebê tem o seu próprio tempo. Nesse quesito, é importante manter o acompanhamento médico, evitar comparações com outras mulheres e, se possível, fugir das pessoas que tragam uma energia e mentalidades negativas, com comentários como “já passou da hora de ele nascer”.
Ao contrário do que se prega, a gestação – e a maternidade – é acompanhada de momentos difíceis, como a proximidade com o parto. É normal ter muita ansiedade e medo do parto, mas este sentimento não deve se tornar um tormento e gerar sofrimento. Como mãe, pense que aceitar o momento da chegada do seu filho é uma grande atitude de respeito para com esse pequeno indivíduo que vai mudar a sua vida.
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