791 crianças de até 14 anos morreram vítimas de sufocação por acidentes no Brasil em 2018, sendo que os bebês são as maiores vítimas; aprenda a realizar a manobra necessária
Não é incomum vermos no noticiário bebês que foram salvos após se engasgarem, seja com leite materno ou outros alimentos. Uma busca rápida no Google vai mostrar diversos links nos quais PMs e Bombeiros foram capazes de salvar a vida de um bebê engasgado, como é possível ver neste caso em Florianópolis (SC) ou em Londrina (PR).
Não por acaso essas situações acontecem com bastante frequência e costumam assustar pais e tutores. Dados do Ministério da Saúde mostram que, em 2018, 791 crianças de até 14 anos morreram vítimas de sufocação – o equivalente a duas por dia em todo país. Em 2016, foram 826 crianças e adolescentes vítimas. Trata-se de uma das principais causas de óbitos acidentais que afetam tanto bebês quanto jovens.
E o pior: a maior prevalência de óbitos está nos bebês. Crianças com menos de um ano de vida responderam por 77% das mortes acidentais por este motivo em 2016 – em 2018, o índice foi de 75%. Em outras palavras, três a cada quatro mortes são de crianças com menos de um ano de vida, o que aumenta a necessidade dos cuidados nessa faixa etária.
As causas para esse tipo de acidente variam de “inalação do conteúdo gástrico” (asfixia ou sufocação causada por vômito ou alimento regurgitado), “inalação ou ingestão de alimentos causando obstrução do trato respiratório” e os acidentes com “riscos não especificados”.
Os casos relacionados à ingestão – seja de conteúdo gástrico ou alimentos – somam mais da metade dos casos registrados.seja mínimo no comparativo com o volume de nascimentos diários do país – de cerca de 3 milhões por ano, o que corresponde a 8,2 mil por dia. Como prevenção e cuidado, é
Como mostramos acima, o volume de casos de bebê engasgado não é pequeno, embora importante ser capaz de identificar essa situação para agir o mais rápido possível e com a precisão e calma adequadas para os primeiros socorros.
Vale lembrar que, em boa parte dos casos, a situação é resolvida pelo corpo, com o apoio dos pais, sem a necessidade de executar a manobra de Heimlich, o procedimento adequado para situações com pessoas engasgadas – falaremos mais sobre a manobra ao longo do texto. É preciso separar os quadros: parcial e total, cada uma com suas características. Saiba como identificá-los.
Engasgo parcial – É, obviamente, menos grave do que o total, mas exige cuidados justamente para que não se torne um caso mais grave, especialmente evitando tirar os objetos com a mão se não estiverem visíveis. Os sintomas mais comuns deste quadro são: respiração acelerada e ofegante, agitação, tosse frequente e choro incessante.
Engasgo total – Mais agravante, o quadro costuma ser de fácil reconhecimento pelos pais e responsáveis. A criança ou bebê é incapaz de tossir ou chorar (tem o semblante de choro, mas o som não sai), seus lábios ficam roxos e o corpo fica mole. Exige uma atuação mais efetiva e rápida.
Como medida de prevenção, vale sempre monitorar com atenção quando a criança estiver se alimentando, seja com leite materno ou outros tipos de alimentos, em especial até o primeiro ano de vida, quando as situações são mais comuns, conforme os dados do Ministério da Saúde. Aliás, é recorrente que os fatos aconteçam durante ou logo após a amamentação.
Conheça alguns cuidados na hora de amamentar, seja com o seio ou com a mamadeira:
1- O bebê deve estar sentado no colo. É mais seguro do que mantê-lo deitado.
2 – Garanta que o bebê conseguiu “pegar” o seio ou a mamadeira com firmeza.
3 – No caso de mamadeiras, a sugestão é observar os acessórios com as chamadas “válvulas anticólicas”, que evitam que o ar seja engolido durante o ato. Assim como no artigo sobre a cadeirinha de segurança, o selo do Inmetro é uma boa dica para se observar na hora de efetivar compras desse tipo.
4 – Depois de mamar, o bebê deve ser colocado em uma postura em pé, no colo, com a cabeça apoiada no ombro, dando leves batidas em suas costas.
5 – Mantenha-o nesta postura até que ele arrote.
6 – Agitar o bebê logo após pode resultar em vômito, engasgos e refluxo. Ou seja, tente mantê-lo tranquilo. Caso vá deitá-lo na sequência, mantenha sua cabeça elevada para reduzir a possibilidade de refluxo – diminuindo a chance de engasgos.
Apesar de todos os cuidados e orientações, ninguém está imune a uma situação como essa. O que pode separar um incidente como este de algo resolvido rapidamente – e até mesmo esquecido – para uma situação trágica é o conhecimento dos pais e a rápida ação.
Ao se deparar com os sinais que possam identificar engasgo total, a orientação é a seguinte:
1 – Mantenha a calma! Claro que a situação é preocupante, mas é fundamental estar consciente sobre a forma correta de agir e como proceder. Respire fundo e seja firme nas manobras!
2 – Ligue imediatamente ou peça para alguém buscar o apoio do Corpo de Bombeiros (193) ou Samu (192). É importante passar todas as informações necessárias para a emergência: cidade, endereço completo, com número da casa e pontos de referência para agilizar o atendimento.
3 – Realize a manobra de Heimlich: coloque o bebê deitado de barriga para baixo apoiado em seu braço – a cabeça deve estar mais baixa do que o restante do corpo. Se for possível, sente-se ou se apoie em algum local para ter mais firmeza. Os dedos indicadores e médio devem manter a boca do bebê aberta – como em um sinal de “V”.
4 – Dê 5 tapas no meio das costas do bebê. Eles devem ter força, mas controlados para que não machuquem a criança. O ideal é usar a parte mais mole da mão nesta manobra.
5 – Na sequência, coloque o bebê virado de barriga para cima, apoiado sobre o outro braço. Faça algumas compressões entre os mamilos com dois dedos.
6 – Levante e olhe para o bebê. Se ele chorar, vomitar ou tossir, é um excelente sinal. É a confirmação de que a manobra funcionou.
7 – Caso o bebê não responda ainda da forma adequada, repita o procedimento novamente. Observe com atenção: a respiração pode levar mais tempo para voltar de maneira normal, mas, em muitos casos, mesmo que o bebê respire de forma fraca, já é um avanço.
No engasgo parcial, a situação é mais tranquila, mas, ainda assim, exige cuidados. Confira alguns procedimentos:
1 – Mantenha a calma! Como o próprio nome já diz, a criança está conseguindo respirar, embora esteja incomodada.
2 – Ligue imediatamente ou peça para alguém ligar para o Corpo de Bombeiros (193) ou Samu (192). É importante passar todas as informações necessárias para a emergência: cidade, endereço completo, com número da casa e pontos de referência para agilizar o atendimento.
3 – Segure o bebê no seu colo de maneira confortável, dê leves tapas em suas costas e tente fazê-la expelir o que está impedindo a respiração ou tossir. Normalmente, o simples ato de tossir é o sinal de que o engasgo chegou ao fim.
4 – Não sacuda a criança ou assopre o seu rosto. Colocar a mão dentro da boca para remover o objeto às cegas pode fazer com que o caso evolua para um engasgo total.
5 – É possível realizar a mesma manobra dos itens 3, 4, 5 e 6 da situação do engasgo total, caso o quadro pareça mais grave. Ela será efetiva em ambas as situações.
Os dois números emergenciais para ligar em caso de um bebê engasgado são:
193 – É o telefone do Corpo de Bombeiros.
192 – Número do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, o Samu.
Apesar dos serviços serem eficientes e rápidos na maioria dos locais do país, aguardar pelo atendimento pode ser a diferença entre a vida e a morte. No caso de bebê engasgado, os primeiros socorros podem ser realizados pelos pais, reduzindo os riscos.
Separamos alguns vídeos sobre o assunto, com bons tutoriais:
https://www.youtube.com/watch?v=tDF-N3KqQ4o – Vídeo da Dra. Ana Escobar.
https://www.youtube.com/watch?v=rGf3-IjW7KI – Orientação de especialistas Samu.
A USP também conta com uma cartilha explicativa sobre bebê engasgado, que pode ser acessada aqui.
Confira outras dicas para a segurança do seu bebê no blog da Natosafe.