Leite materno ou leite de fórmula: conheça os diferenciais e benefícios de cada um

Recomendação médica é de que leite materno seja o único alimento do bebê até os seis meses de vida, mas, em muitos casos, não é possível seguir a recomendação; entenda sobre o leite materno e o leite de fórmula e veja as diferenças entre as fórmulas e os cuidados em seu preparo

Há um roteiro de cinema na cabeça de cada mãe ao descobrir a gravidez: o desejo de que a gestação seja a mais tranquila possível e que, após o nascimento, a amamentação seja um momento especial, no qual o vínculo entre a mãe e o bebê apenas se fortalece, como se vê nos filmes. Este script é romantizado em muitos casos, sem levar em conta as dificuldades da vida real.

Como mostramos neste artigo, o parto está cercado de ansiedade e, para muitas mães, é um momento complicado de se lidar. Depois disso, surgem as adaptações necessárias aos primeiros três meses de vida do bebê, que alteram completamente a rotina de um casal, fazendo com que o bebê seja o centro da atenção e tenha todas as suas necessidades atendidas.

Neste período, há um importante passo a ser dado pelas mães e pelos seus filhos: a amamentação. Trata-se de um ato de amor e de cuidado com o bebê. Para muitas, é um momento especial que requer apoio familiar e a criação de um ritual. Se for bem-sucedido, o bebê estará mais seguro e protegido.

“O aleitamento materno é a mais sábia estratégia natural de vínculo, afeto, proteção e nutrição para a criança e constitui a mais sensível, econômica e eficaz intervenção para redução da morbimortalidade infantil. Permite ainda um grandioso impacto na promoção da saúde integral da dupla mãe/bebê”, explica uma cartilha do Ministério da Saúde sobre amamentação.

O Ministério da Saúde afirma que a amamentação deve durar de dois a três anos, sendo a forma exclusiva de alimentação até os seis meses de vida. “Não há vantagens em se iniciar os alimentos complementares antes dos seis meses, podendo, inclusive, haver prejuízos à saúde da criança”, ressalta a cartilha.

Leite materno ou leite de fórmula: em alguns casos, porém, há a necessidade de uso de leite de fórmula por inúmeras razões. Isso não significa que a infância do bebê estará comprometida e nem que uma mulher seja menos mãe. Existem fatores que costumam pesar neste momento.

Pouco leite – O choro frequente do bebê pode ser um indicativo de que a quantidade sugada é menor do que as suas necessidades. E a única forma de comunicação do bebê é o choro. Vale destacar: não existe leite materno fraco, mas, sim, a quantidade menor do que a demanda. Em seu site, a pediatra Ana Escobar explica que existem três fases na produção de leite.

“A cada mamada, o primeiro leite que sai é mais claro e aparentemente ralo. Este leite inicial é riquíssimo em células de defesa que protegem os bebês das doenças. A segunda fase contém os nutrientes e a terceira, de cor mais amarela, é rica em gorduras essenciais para o ganho de peso e para o funcionamento adequado do intestino”, ensina. O ideal seria que o bebê esgotasse um peito antes de se oferecer o outro.

Dor – A dor pode acontecer e é mais frequente do que se imagina: bicos rachados, seios muito cheios, acúmulo de leite nas mamas e a própria pegada do bebê podem levar a inúmeros incômodos para a mãe. O incômodo, muitas vezes, é tão grande que leva à desistência, sobretudo sem uma rede de apoio.

Uma das causas comuns de dor é o empedramento do leite. O problema costuma acontecer quando o bebê não está conseguindo sugar ou consome menos leite do que se produz. Massagens ou ordenha para armazenamento ou doação de leite humano costumam contribuir para a redução dos incômodos.

Falta de informação e falta de apoio – Há uma preocupação dos pais com o parto, a organização da casa e outros afazeres na gestação, o que leva a esquecerem de conversarem e entenderem melhor o processo de amamentação, que requer cumplicidade do casal. A rede de apoio precisa compreender e apoiar a mulher neste momento, o que não se vê em muitas situações.

Bico invertido – Muitas mulheres têm o bico do seio invertido, o que pode dificultar para o bebê. Isso não é impeditivo para amamentar, mas torna o processo mais difícil. Será preciso trabalhar na postura, na forma como o bebê suga para garantir o sucesso da amamentação.

Bebês prematuros – Dependendo da condição, o ato de amamentar se torna inviável, já que ele passa por muito tempo na incubadora, o que pode prejudicar a pega do peito e a produção de leite da mãe.

Mas o que são as fórmulas?

Na definição da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), a fórmula é um “leite artificial, bem mais caro que um leite comum, que tem seus nutrientes modificados por indústrias (desta forma não se encontra na natureza), tendo como base principalmente o leite de vaca ou cabra, encontrada para consumo na forma líquida ou em pó e que deve ser prescrita apenas nos casos necessários, por médicos ou nutricionistas”.

É preciso ter a orientação do pediatra para saber qual é a composição mais recomendada, a sua quantidade, entre outros pontos. O leite de fórmula passa por inúmeras modificações para tentar reproduzir da melhor maneira o leite materno. Elas precisam seguir as especificações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que estabelece uma série de regras e cuidados para a sua produção.

Quais as diferenças: leite materno ou leite de fórmula?

Não é à toa que as recomendações são para que o leite materno seja a única fonte de alimentação para os bebês até os seis meses. Veja as diferenças de composição entre eles:

Leite materno

Não é apenas um alimento, já que tem inúmeras outras funções: aumento da imunidade, auxiliar no desenvolvimento, reduzir a probabilidade de doenças, entre outros benefícios.

– Anticorpos e enzimas, que auxiliam na proteção às doenças e desenvolvimento da imunidade;

– Hormônios, contribuem para regular o apetite;

– Células-tronco, em apoio ao desenvolvimento e à reparação de órgãos;

– Glóbulos brancos, no combate às infecções;

– Bactérias benéficas, que protegem o sistema digestório;

– Ácidos graxos, uma das substâncias responsáveis pelo desenvolvimento do sistema nervoso e olhos;

– Hormônios, auxiliam a criar um padrão de sono saudável.

Leite de fórmula

Antes de ir aos ingredientes propriamente ditos, é preciso saber que existem vários tipos de leite de fórmula (com finalidades e marcas específicas). No entanto, a base de sua produção costuma ser o leite de vaca ou de cabra (exceto nos casos de alergia), um tipo de nutriente diferente do leite materno. Veja outras substâncias encontradas:

– Lactose;

– Açúcares, como xarope de milho, frutose ou maltodextrina;

– Oleaginosas (palma, canola, coco, girassol e soja);

– Ácidos graxos (normalmente derivados de óleo de peixe);

– Vitaminas e minerais;

– Enzimas e aminoácidos;

– Probióticos.

Se a recomendação da Organização Mundial da Saúde e do Ministério da Saúde é para não iniciar a ingestão de alimentos além do leite materno antes dos seis meses, as fórmulas tentam reproduzir esses nutrientes, mas estão longe de atingir um alimento que foi desenvolvido por milhares de anos pela natureza, como o leite materno.

Trata-se de uma opção segura, mas não a ideal na comparação com o leite materno. A SBP ressalta que a fórmula, independentemente de sua composição, “não é capaz de trazer essa proteção tão importante aos bebês, que naturalmente nascem com dificuldade de se defender das infecções até por volta dos 2 anos de vida, principalmente os prematuros”, pois não contam com anticorpos e nem células de defesa.

Quais os tipos de fórmulas?

Na impossibilidade de seguir com a amamentação, será preciso optar por um tipo de fórmula para garantir os nutrientes necessários ao bebê. É importante que essa orientação seja prescrita por um pediatra, avaliando criteriosamente cada caso e o momento de vida de cada bebê.

Prematuros – Em geral, as fórmulas visam facilitar a digestão, já que, em geral, os sistemas do corpo não estão totalmente desenvolvidos. Eles se focam em proteínas, gorduras e ácidos graxos, procurando auxiliar no desenvolvimento do sistema nervoso do bebê.

Bebês até seis meses – Também conhecidas como “Fase 1”, costumam contar com o acréscimo de amido, sacarose e maltodextrina, além de enriquecimento com ferro e aminoácidos. São acrescidas de ácidos graxos, substâncias importantes para o desenvolvimento do sistema nervoso. Depois dos seis meses, as fórmulas são muito parecidas, com acréscimo de ferro – chamadas de “Fase 2”.

Especiais – Indicadas para crianças que tenham alergias, intolerâncias ou refluxo. As fórmulas mais comuns são: sem lactose, antirrefluxo (costumam ser mais grossas), hipoalergênicas (para crianças com alergia ao leite de vaca) e à base de soja (para os alérgicos à proteína do leite).

Quais os cuidados com as fórmulas?

O primeiro passo, conforme já mencionamos neste artigo, é seguir a orientação médica em relação ao seu uso. Isso inclui respeitar o número de alimentações ao longo do dia, a quantidade especificada, a diluição na quantidade adequada de líquido. Erros nesta produção podem levar à constipação, desidratação, ganho de peso excessivo ou falta de ganho de peso. Veja outras dicas:

Dosagem certa – Em muitos casos, basta seguir a recomendação orientada pelo fabricante na embalagem. Em outros, o profissional de saúde pode sugerir ajustes.

Não engrosse – As fórmulas foram desenvolvidas para oferecer os nutrientes necessários para as crianças. Ou seja, não há necessidade de acrescentar outros alimentos ou engrossá-la.

Consumo imediato – Caso o bebê não ingira a sua totalidade, não deve ser guardada para o futuro. É importante que seja consumida no momento do preparo.

Necessidade de água na rotina – Os bebês alimentados com leite materno não têm necessidade de tomar água. Entretanto, em boa parte dos casos de uso de fórmula, há necessidade de oferecer água ao bebê. Os pais não devem fornecer leite de vaca (que pode levar ao aumento das cólicas) e devem seguir as recomendações médicas.

Se for possível, a mãe deve contar com a sua rede de apoio para insistir na tentativa de amamentar o bebê com leite materno. Embora sejam mais pobres em termos nutritivos, as fórmulas são alimentos seguros para os bebês, desde que seguidas as recomendações médicas. E o mais importante: o fato de não conseguir amamentar não faz com que uma mulher seja menos mãe.

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